terça-feira, 11 de setembro de 2012

10 atitudes para conquistar o pódio


Sabe qual é a diferença entre você e os atletas brasileiros que disputam as Olimpíadas de Pequim? Apenas a roupa e o local de trabalho. É isso mesmo. Eles estão lá para conquistar medalhas e realizar seus sonhos. E não é exatamente isso que você busca todos os dias? 

Você quer um cargo melhor, desempenho maior, reconhecimento de seus superiores e realização dos seus sonhos. No dia-a-dia do atleta, um milésimo, centímetro ou um simples passo em falso podem fazer toda a diferença. E na sua realidade, será que é muito diferente? Não, pois você também precisa se atentar a cada pequeno detalhe, porque ele pode mudar completamente sua rotina. Suzy Fleury, consultora empresarial, psicóloga e escritora, aconselha que aproveitemos esse grande evento para aprender algumas lições. “Essa experiência pode ser uma oportunidade para nos reposicionarmos não apenas como meros expectadores como também aprendizes de momentos que poderão fazer a diferença, tanto para os negócios quanto para a vida”, afirma. 

Atitudes fundamentais nas quadras, campos e empresas

Os atletas se planejam e treinam muito para subir no pódio, assim como você também precisa se preparar para atingir seus resultados. “Ambos necessitam de foco, persistência, iniciativa e motivação, além de outras atitudes. Também devem saber lidar com as adversidades, liderar, superar, comunicar-se com clareza e buscar qualidade máxima em suas tarefas para crescer diariamente e realizar cada um de seus sonhos”, explica Anahy Couto, especialista em Psicologia do Esporte e Alto Rendimento Pessoal e Profissional, palestrante e consultora esportiva e empresarial. 

Além de desempenhar bem sua função, o atleta, assim como você, precisa desenvolver as atitudes citadas por Anahy. Atitude tem sido uma palavra muito utilizada, porque faz parte de um dos modelos de competência mais usado pelas empresas para fazer a avaliação dos colaboradores: o C.H.A (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes). A revista Motivação, depois de muitas pesquisas, determinou como sendo dez as principais atitudes que precisam ser desenvolvidas e passou a tratar de cada uma delas em todas as suas edições. Elas são: foco, motivação, iniciativa, criatividade, Inteligência Emocional, ética, comprometimento, resiliência, persistência e autodesenvolvimento – essas também foram mencionadas pelos especialistas ouvidos nesta matéria como as principais. 

Anahy também cita o exemplo de uma jogadora de basquete que foi dispensada da seleção brasileira quando a equipe buscava uma vaga para as Olimpíadas, porque, em sua opinião, ela não tinha algumas atitudes bem desenvolvidas. “Ao meu ver, faltou resiliência para lidar com a adversidade de ficar no banco, foco em relação ao objetivo, além de ética e comprometimento com a equipe, líder, nosso País e com o próprio sonho dela. Também faltou Inteligência Emocional para lidar com essa situação”. A jogadora, segundo a psicóloga, teve anos de dedicação e é uma atleta muito capacitada para o basquete, porém falhou em relação à sua atitude ao não voltar para a quadra quando solicitada – e isso a tirou do caminho da realização de seu sonho. 

Desenvolva as atitudes que levam ao pódio

Foco 


O maior erro que um atleta pode cometer, de acordo com José Rubens D’Elia, é perder o foco do objetivo real. “Quando você tem metas precisa ter foco e planejamento para alcançá-las”, explica o preparador psicofísico de atletas olímpicos e autor do livro Fábrica de Campeões

Foco é definir um objetivo bem claro, colocar toda sua energia nele e não desistir diante do primeiro problema que aparecer. A ferramenta 5W2H é bastante indicada para estabelecer seu foco. Para utilizá-la sempre que definir uma meta, responda a estas sete perguntas que começam em inglês com cinco Ws e dois Hs: o quê (what), por quê (why), como (how), quem (who), onde (where), quando (when), quanto (how much). 

Yane Marques teve bastante trabalho para cumprir as exigências do “como” para atingir seu objetivo. Nas Olimpíadas de Pequim, ela representará o Brasil no pentatlo moderno, que inclui provas de tiro, esgrima, natação, hipismo e corrida. Yane precisou aprender a praticar quase todos os estilos. Após muita dedicação e determinação, ela conseguiu o que parecia impossível: formação completa no pentatlo em cinco anos, já que os especialistas consideram necessário dez. 

Motivação

Motivação é uma grande força que está dentro das pessoas e as impulsionam a buscarem a satisfação de seus desejos e necessidades. Assim, ninguém pode motivar ninguém. O que a empresa pode fazer, por exemplo, é entender o que estimula cada pessoa e criar ambientes e condições que as incentivem a buscar resultados. 

Durante o Pan-Americano de 1991, Hugo Hoyama teve um momento fundamental em sua carreira quando disputava o torneio de equipes. O mesa-tenista perdeu um jogo e foi para o banco. A equipe brasileira venceu o jogo, mas ainda no banco, Maurício Kobayashi, o técnico, perguntou algo que mudou a história de Hugo: “Até quando você vai querer ser o número dois?”. Cláudio Kano, na época, era o número um. “Naquele dia, voltei para o hotel e aquelas palavras ficaram gravadas na minha cabeça. A partir daquele momento decidi que seria o melhor do País. Na final do individual, venci o Cláudio e, desde então, me tornei o número um no Brasil”, conta Hugo. 

Portanto, é preciso saber qual é realmente sua motivação, o que desperta em você o desejo de se esforçar para buscar seus resultados. Assim como no seu dia-a-dia, na rotina dos atletas vencedores, a motivação também é fundamental. 

Iniciativa

Depois de definir seu objetivo e saber por que deseja conquistá-lo, é necessário agir. Você precisa ter iniciativa, que é a ação do primeiro a propor ou empreender alguma coisa. 

Assim como no esporte o atleta que tem iniciativa se destaca, você também tem de desenvolver essa atitude para melhorar seu desempenho. Para isso, é necessário ir além do que é esperado, surpreender as pessoas com aquele “algo a mais” e ter a capacidade de observação para enxergar as oportunidades, além de agir em relação a elas. Foi o que fez Fabiana Beltrame, primeira remadora brasileira a participar de uma Olimpíada, nos jogos de 2004, em Atenas. “Foi um marco na minha vida”, conta. 

Lembre-se de que, às vezes, coisas mais simples podem fazer muita diferença em sua carreira. Preste atenção na empresa em que trabalha e descubra algo que você, por exemplo, possa realizar para resolver um problema em seu setor. Anote e faça o que precisa ser feito, assim surpreenderá seu líder e equipe. 

Criatividade

Buscar soluções novas para os problemas é uma atitude extremamente importante. Diversas são as dificuldades do dia-a-dia e a todo momento sua capacidade de criar pode ser colocada em prática. 

Para ser uma pessoa mais criativa, é necessário buscar maneiras diferentes de realizar suas atividades e procurar formas de inovar. Muitas vezes, também é preciso fazer grandes mudanças para obter novos resultados. Robert Scheidt será o único bicampeão olímpico da delegação brasileira nas próximas olimpíadas. No entanto, o velejador paulista vai a Pequim como estreante. Robert ganhou suas três medalhas anteriores na classe Laser (ouro em 1996 e 2004 e prata em 2000) e, na China, velejará na classe Star. Nessa modalidade, o barco é maior e tem um tripulante a mais. “Eu poderia continuar na classe Laser e seguir conquistando títulos, porém sinto que fiz tudo o que podia. Mas o desafio da Star é maior”, declarou recentemente. 

Desenvolva sua criatividade exercitando-a: leia sobre o assunto, busque novas soluções, converse com outras pessoas experientes e admiradas em sua função. 

Inteligência Emocional

É fundamental que você aprenda a lidar com seu emocional, pois do contrário poderá prejudicar seu crescimento. “Todas as emoções são saudáveis e necessárias para os seres humanos, o problema é saber quando usá-las e como canalizá-las para onde queremos e precisamos”, diz Anahy Couto. 

Para o maior especialista no tema, Daniel Goleman, existem quatro aptidões essenciais na conceituação da Inteligência Emocional: autoconsciência (auxilia na percepção dos sentimentos e emoções), autocontrole (poder de se controlar perante acontecimentos negativos), consciência social (se preocupar com as emoções da equipe) e administração de relacionamentos (capacidade de se relacionar consigo e com os outros). 

Bernardinho procura trabalhar os conceitos da Inteligência Emocional na seleção brasileira de voleibol masculino. Ele faz seus liderados entenderem que não basta cada um jogar bem, eles devem fazer com que todos à sua volta joguem melhor. 

Ética

Respeitar o espaço dos outros e agir de acordo com os princípios éticos e morais é fundamental não só porque garante boa reputação, mas principalmente pelo fato de você se sentir em paz consigo. 

Uma vitória, seja na carreira ou no esporte, não terá o mesmo valor se for conquistada à custa de trapaça. Ou você acha que vale a pena deitar no travesseiro com o peso de uma injustiça na cabeça? Se a resposta for sim, tente imaginar como seus filhos, pais ou pessoas que você mais ama pensariam se soubessem que você não foi ético. No fim, não é seu dinheiro ou resultados que dirão quem você realmente é, e sim seus valores e princípios. Portanto, antes de tomar qualquer decisão, lembre-se de pensar como ela influenciará o ambiente, as pessoas ao seu redor e você. 

Esse questionamento está sempre presente na vida do ginasta Diego Hypolito. “Recebo muitas propostas legais, mas eu penso: isso não será benéfico pro meu treinamento. Se não for benéfico pro meu treinamento, vou ter de eliminar aquilo, porque minha prioridade é meu trabalho”, relata no livroCriando Campeões da editora Thomas Nelson Brasil. 

Comprometimento 

Ser responsável em relação às suas tarefas e comportamentos é estar comprometido com seus objetivos. “A vitória exige disciplina. Assim como os atletas devem cumprir uma planilha de treinamento, um profissional deve cumprir as rotinas na profissão”, diz José Rubens D’Elia. 

Estar comprometido significa entender como as tarefas que você desenvolve são importantes para suas metas e objetivos da empresa. A partir do momento que você entende isso e assume a responsabilidade pelas suas ações, consegue manter sua disciplina. E isso inclui ser pontual, cumprir com o que é exigido, dedicar-se e, muitas vezes, abrir mão de algumas coisas em prol de seu objetivo.

João Souza, representante da esgrima brasileira em Pequim, é um grande exemplo de comprometimento. Nos últimos dois anos, ele tem praticamente abdicado de sua vida pessoal em função do sonho olímpico. Em entrevista recente, ele disse que parou a faculdade de Direito, deixou o trabalho em um escritório e quase perdeu a namorada. Tudo para se dedicar só à esgrima. E você, até que ponto tem se esforçado para garantir suas vitórias? 

Resiliência 

Para enfrentar as dificuldades, você precisa ter capacidade de resistir e se superar. Isso se chama resiliência. “Em todos esses anos trabalhando com grandes craques do vôlei, futebol e tênis, pude notar que, independentemente do perfil de cada um, os que mais se destacaram tinham o poder de superar as dificuldades, ou seja, resiliência”, Anahy. 

Luciano Pagliarini, um dos mais conceituados ciclistas brasileiros, será coadjuvante em Pequim para ajudar Murilo Fischer a buscar uma medalha para o Brasil. “O circuito não é adequado para mim, é melhor para o Murilo, então eu me coloco à disposição para deixá-lo na melhor situação possível”, afirmou. 

A capacidade de se adequar às situações é exigida a todo momento no esporte e também em seu dia-a-dia profissional. Quando enfrentar uma dificuldade, não negue a tensão que ela provocará, mas seja flexível para se readaptar e reagir positivamente ao problema. 

Persistência 

A todo momento surgem dificuldades e a vontade de desistir é comum nessas situações. Mas, para Anahy, entregar-se é o maior erro que alguém que almeja a vitória pode cometer. “Aquele que tem claro seu sonho, transforma esse momento em um desafio e o enfrenta com coragem, pois os obstáculos estarão presentes em todos os caminhos. Superá-los nos torna mais fortes na vida e no esporte”, explica. 

A judoca Danielli Yuri sabe bem o que é ser persistente. Quando ela ainda era uma criança, sua família foi morar no Japão. O treino era puxado, de domingo a domingo. Como seu objetivo era chegar à seleção brasileira, precisou trabalhar durante um ano em uma fábrica para juntar dinheiro e voltar ao seu País. 

A vaga nas Olimpíadas de Pequim é prêmio pela persistência de Danielli. Quando fraquejar, lembre-se do foco e dos motivos pelos quais você deseja alcançar seus objetivos. Essa reflexão é fundamental para persistir. 

Autodesenvolvimento

Foi-se o tempo em que diploma era garantia de sucesso profissional. Hoje, além de cursar uma faculdade, é necessário continuar se especializando e aprendendo sempre mais. A palavra kaizensurgiu no chão de fábrica das indústrias no Japão, após a Segunda Guerra Mundial, e traduz muito bem isso – significa pequenos e contínuos melhoramentos. 

A filosofia do kaizen estimula as pessoas a definirem padrões mais altos de desempenho. Fabiana Murer, representante do atletismo, sabe bem o que é isso e mostrou essa preocupação em uma recente declaração. “Acho que quem fizer 4,8 m consegue medalha, mas é melhor saltar mais. Eu não posso me acomodar. Estou muito contente, mas ainda não satisfeita”, comenta. 

Siga o exemplo: aprimore-se, melhore e aprenda sempre mais. “É sempre bom estar atualizado, saber o que está acontecendo no mercado e nunca subestimar o planejamento”, aconselha José Rubens. 

O que falta para sua próxima medalha? 

Todas essas atitudes são necessárias para alcançar seus objetivos. Você pode ser melhor em alguma delas, e não ter tanta facilidade com outras, porém saiba que é possível se desenvolver em cada uma. Basta que você queira e busque melhorar. Além dos métodos tradicionais de aprendizado, é possível aprender com o esporte. Você pode praticar algo que já goste ou conhecer novas modalidades e ainda levar o conhecimento do esporte para seu dia-a-dia profissional. “O esporte é um exemplo de ferramenta de apoio. Se a pessoa tem dificuldade para trabalhar em equipe, os esportes coletivos são melhores. Ao passo que se o profissional apresenta dificuldades individuais, deve optar por modalidades nas quais fique sozinho”, afirma José Rubens. 

Fonte: Motiva online

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